PORQUE É QUE TE
AMO, Ó MARIA!
Quando o
bom S. José ignora o milagre
Que querias
esconder em tua humildade
Deixa-lo
chorar junto ao Tabernáculo
Que encobre
a divina beleza do Salvador!...
Oh, como
amo, ó Maria, o teu eloquente silêncio!
Para mim é
um concerto, doce e melodioso
Que me diz
a grandeza e a omnipotência
Duma alma
que só espera socorro dos Céus...
Mais tarde
em Belém, ó José e Maria
Eu vos vejo
desprezados pelos do lugar
Ninguém
quer receber em sua hospedaria
Os pobres
estrangeiros, o lugar é para os ricos...
O lugar é
para os grandes e é num estábulo
Que a
Rainha dos Céus vai dar à luz um Deus.
Ó minha Mãe
querida, como te acho amável
Como te
acho grande em lugar tão pobre!...
Quando vejo
o Eterno envolto em panos
Quando do
Verbo Divino ouço o débil vagido
Ó minha Mãe
querida, já não invejo os anjos
Pois seu
poderoso Senhor é meu Irmão bem-amado!...
Como te
amo, Maria, a ti que em nossas paragens
Fizeste
abrir esta Divina Flor!...
Como te
amo, escutando os pastores e os magos
E guardando
tudo em teu coração!...
Amo-te
misturada com as outras mulheres
Que
dirigiram os passos para o Templo santo
Amo-te ao
apresentares o Salvador de nossas almas
Ao feliz
velho que o aperta em seus braços
Primeiro
escuto sorrindo o seu cântico
Mas em
breve os seus acentos me fazem chorar.
Mergulhando
no futuro um olhar profético
Simeão
apresenta-te uma espada de dores.
Ó Rainha
dos Mártires, até ao crepúsculo da vida
Esta espada
dolorosa te atravessará o coração
Vais já
abandonar o solo da pátria
Para evitar
o furor ciumento dum rei.
Jesus
descansa em paz sob as dobras do teu véu
José vem
pedir-te para partir sem detença
E a tua
obediência de imediato se revela
Partes sem
demora nem discussão.
Na terra do
Egipto, me parece, ó Maria
Que o teu
coração continua feliz na pobreza
Pois não é
Jesus a mais bela Pátria?
Que te
importa o exílio, tu possuis os Céus...
Mas em
Jerusalém, uma amarga tristeza
Como um
vasto oceano te vem inundar o coração
Jesus,
durante três dias, esconde-se à tua ternura
Então é o
exílio em todo o seu rigor!...
Enfim tu o
vês e a alegria transporta-te
Tu dizes ao
Menino que encanta os doutores:
«Ó meu
Filho, porque agiste assim?
O teu pai e
eu procurávamos-Te em lágrimas»
E o Menino
Deus responde (oh, que profundo mistério!)
À Mãe
querida que lhe estende os braços:
«Porque me
procuráveis? Não sabíeis
Que tenho
de me ocupar das obras de meu Pai?»
Ensina-me o
Evangelho que crescendo em sabedoria
Jesus se
submetia a José e Maria
E o coração
me revela com que ternura
Ele obedece
sempre a seus pais queridos.
Agora eu
compreendo o mistério do Templo,
As palavras
escondidas de meu amável Rei.
Mãe, o teu
doce Filho quer que sejas o exemplo
Da alma que
o procura na noite da fé.
Pois que o
Rei dos Céus quis que a sua mãe
Seja
mergulhada na noite, na agonia do coração;
Maria, é um
grande bem sofrer na terra?
Sim, sofrer
amando é a mais pura felicidade!...
Tudo o que
me deu, Jesus pode retomá-lo
Diz-lhe que
nunca se incomode comigo...
Ele pode
esconder-se, eu fico à espera
Até ao dia
sem poente que extinguirá a minha fé...
Eu sei que
em Nazaré, Mãe cheia de graças
Vives
pobremente, não desejando mais nada
Nem
arroubos, nem milagres, nem êxtases
Embelezam a
tua vida, ó Rainha dos Eleitos!...
O número
dos pequenos é enorme na terra
Eles podem
levantar para ti os olhos, sem tremer
É pela via
comum, incomparável Mãe
Que queres
caminhar para os guiar aos Céus.
Enquanto
espero o Céu, ó minha Mãe querida
Quero viver
contigo, seguir-te cada dia
Olhando
para ti, ó Mãe, mergulho extasiada
Descobrindo
em teu coração abismos de amor.
O teu olhar
maternal bane todo o meu medo
E ensina-me
a chorar e a rir.
Queres
partilhá-las, dignas-te abençoá-las.
Vendo a
inquietação dos esposos de Caná,
Que não
podem esconder, pois não têm vinho
Na tua
solicitude dize-lo ao Salvador
Esperando
socorro de seu poder divino
Jesus
parece primeiro recusar teu pedido
«Que nos
importa, mulher, responde ele, a ti e a mim?»
Mas no
fundo do coração, Ele chama-te Mãe
E faz para
ti o seu primeiro milagre.
Um dia em
que os pecadores escutam a sua doutrina
Dele que os
queria receber no Céu
Eu te
encontro, entre eles, Maria, na colina
Alguém diz
a Jesus que o querias ver
Então o teu
divino Filho, frente à multidão
Nos mostra
a imensidade do seu amor.
«Quem é o
meu irmão, a minha irmã e a minha mãe, diz ele,
Senão
aquele faz a minha vontade?»
Ó Virgem
Imaculada, a mais terna das mães
Não te
entristeces ao escutar Jesus
Mas
alegras-te porque ele nos faz entender
Que a nossa
alma se torna a sua família
Tu
alegras-te porque ele nos dá a sua vida,
Os tesouros
infinitos da sua divindade!...
Como não te
amar, ó Mãe querida
Vendo tanto
amor e tanta humildade?
Tua
amas-nos, Maria, como Jesus nos ama
E por nós
permites que ele se afaste de ti
Amar é dar
tudo, dar-se a si mesmo
Quiseste
prová-lo sendo o nosso apoio.
O Salvador
conhecia a tua imensa ternura
Sabia os
segredos de teu coração maternal.
Refúgio dos
pecadores, é a ti que nos entrega
Quando
deixa a Cruz para nos esperar no Céu.
Maria, tu
me apareces no alto do Calvário
De pé junto
à Cruz, como um padre no altar
Oferecendo
para apaziguar a justiça do Pai
Teu
bem-amado Jesus, o doce Emanuel...
Um profeta
o disse, ó Mãe desolada,
«Não há dor
semelhante à tua dor!»
Ó Rainha
dos Mártires, em teu exílio
Entregas
por nós todo o sangue de teu coração!
A casa de
S. João torna-se teu refúgio
O filho de
Zebedeu substitui Jesus...
É o último
pormenor que nos dá o Evangelho
Da Rainha
dos Céus não fala mais.
Mas o seu
profundo silêncio, ó minha Mãe querida
Não revela
que o Verbo Eterno
Quer Ele
mesmo cantar os segredos da tua vida
Para
encantar os teus filhos, todos os santos do Céu?
Em breve
ouvirei essa doce harmonia
Em breve no
lindo Céu, te vou ver
Tu que
vieste sorrir-me na manhã da vida
Vem
sorrir-me ainda... Mãe... chegou a tarde!...
Eu não temo
o brilho da tua suprema glória
Contigo
sofri e quero agora
Cantar em
teus joelhos, Maria, porque é que te amo
E repetir
para sempre que sou tua filha!... |