Como um desolador manto de gelo
Caía nos seus olhos a Distância.
Enchia-se de neve o seu cabelo;
E o sonho que brilhara em sua
infância
Diluía-se em longo pesadelo...
A Pátria adormecia.
Mas, um dia,
Ao poisar de repente sobre a
terra,
A voz funda de Maria
(Uma voz sem igual)
Como um clarim de guerra
Acordou Portugal!
E nas asas do som a voz lhe
trouxe
Um segredo de Deus, profundo e
doce...
A Pátria estremeceu. Em sua
roda,
A luz — sangue do sol! — enchia
a terra toda!
Desde essa hora, a vida não nos
pesa.
Já fica longe o Inverno...
O povo uniu as mãos. E quando um
povo reza
É eterno!
Maria — nossa Mãe:
Como pagar o bem de merecer-vos,
Que é o supremo bem?
Tendes a nossa alma, o nosso
pranto, os nossos nervos,
Nossa vida também...
E tudo é pouco, afinal,
Ao pé da imensa luz daquele
imenso dia,
Em que a voz de Maria
Acordou Portugal!
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