Deixa já tantos enganos
Como podes (oh, cego pecador!)
Estar em teus erros tão isento,
Sabendo que esta vida é um momento,
Se comparada com a eterna for?
Não cuides tu que o justo Julgador
Deixará tuas culpas sem tormento,
Nem que passando vai o tempo lento
Do dia de horrendíssimo pavor.
Não gastes horas, dias, meses, anos,
Em seguir de teus danos a amizade
De que depois resultam mores danos.
E, pois de teus enganos a verdade
Conheces, deixa já tantos enganos,
Pedindo a Deus perdão com humildade. |


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