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Vendo-se exposto a tribulações imerecidas
Não sou vil delator, vil assassino,
Ímpio, cruel, sacrílego, blasfemo;
Um Deus adoro, a eternidade temo,
Conheço que há vontade, e não destino:
Ao saber e à virtude a fronte inclino;
Se chora e geme o triste, eu choro, eu gemo;
Chamo à beneficência um dom supremo;
Julgo a doce amizade um bem divino:
Amo a pátria, amo as leis, precisos laços
Que mantêm dos mortais a convivência,
E de infames grilhões ouço ameaços!
Vejo-me exposto à rígida violência,
Mas folgo, e canto, e durmo nos teus braços,
Amiga da Razão, pura Inocência. |