O retrato de Deus
desfigurado por ministros embusteiros
Um Ente dos mais entes soberano,
Que abrange a terra, os céus e a eternidade;
Que difunde anual fertilidade
E aplana as altas serras do oceano;
Um númen só terrível ao tirano,
Não à triste mortal fragilidade:
Eis Deus, que consola a humanidade,
Eis o Deus da razão, o Deus de Elmano.
Um déspota de enorme fortaleza,
Pronto sempre o rigor para a ternura,
Raio sempre na mão para a fraqueza,
Um Criador funesto à criatura:
Eis o Deus que horroriza a natureza:
O deus do fanatismo ou da impostura. |