O remorso
(Escrito na prisão)
Aquele que domina os céus brilhantes,
Artífice da máquina estrelada,
Ante cuja grandeza os reis são nada,
Átomo a Terra, os séculos instantes:
O Deus, que contra os vícios negrejantes
Pela voz dos trovões ao homem brada,
Da mísera virtude atropelada
Vinga os tristes suspiros penetrantes:
Sem que o mortal com lágrimas o peça,
Juiz imparcial, Juiz superno
Na causa do inocente se interessa:
Manda-te ressurgir do horror eterno,
Devorante remorso! Em ti começa
O suplício dos maus, dos maus o inferno. |